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Programa do Governo – Linhas de orientação clínica

3 comentários

Prosseguindo a análise do programa do Governo, o assunto seguinte respeita às linhas de orientação clínica.

Para além do elogio habitual ao papel das orientações clínicas, há dois aspectos chave a explorar.

Primeiro, a menção à comunidade científica internacional. Dadas as dificuldades em conseguir consensos nacionais sobre orientações clínicas, uma possibilidade é constituir uma task force de peritos internacionais, com um mandato claro e delimitado no tempo para em cada área se produzirem linhas de orientação clínica. A dificuldade de encontrar consensos nacionais não é especificidade nacional, mas há que procurar formas de ultrapassar essa dificuldade.

Uma vez criadas estas linhas de orientação clínica, sugiro colocá-las a discussão durante três meses, em que todas as alterações que sejam propostas terão que forçosamente ser baseadas em evidência clínica, e serão avaliadas pela task force de cada área clínica.

O segundo aspecto que quero ressaltar é a menção aos princípios de custo – efectividade. Estes deverão estar presentes sempre que possível. Contudo, a sua ausência não deverá implicar que não sejam adoptadas linhas de orientação clínica.

Apenas com o estabelecimento de um padrão de referência será possível aferir a qualidade da prática clínica, pelo que o primeiro passo é estabelecer esse padrão de referência, bem como o processo da sua revisão periódica.

Esta é uma medida que mais do que grande estudo exige sobretudo determinação na acção.

Desconhecida's avatar

Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

3 thoughts on “Programa do Governo – Linhas de orientação clínica

  1. Vladimiro Jorge Silva's avatar

    Eu neste caso optaria por converter uma subunidade das múltiplas entidades que já existem (DGS, ACSS, ERS, entre outras) numa agência cuja finalidade fosse funcionar como um NIHCE à portuguesa, avaliando tecnologias de saúde e produzindo NOCs. Esta unidade deveria ter uma constituição mínima de pessoal e cada trabalho deveria ser feito por equipas reunidas casuisticamente (subcontratadas para cada ocasião). A autoridade decorrente da própria instituição chegaria para dar força de lei aos documentos produzidos 🙂

    PS – Parabéns por este trabalho de escalpelização construitiva:) Aguardo com alguma expectativa a vez da política do medicamento!

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  2. Francisco Velez Roxo's avatar

    Pedro
    Sobre as linhas de orientação clinica e depois de ter privado dois dias com o Professor Dennis Helling (Kaiser Permanente Colorado) validei o que sempre me pareceu ser o Grande Problema sobre o tema em Portugal: em cada canto seu espírito santo (salvo seja) e dividir para reinar porque a coisa estava a dar.
    Mesmo com a complexidade que as “doenças” têm na nossa Sociedade de 3ª vaga, a ausência de linhas de orientação clinica em portugal neste momento só pode revelar o que não pode continuar: a ausência delas porque das estratégias formuladas pouca implementação se verificou.
    De “diagnósticos” estão “os gabinetes” cheios e bem pagos:))
    De implementação consistente estão os pontos de saúde vazios.E isso até agora ainda não vi delineado.Penso, por exemplo,que o Plano Nacional de Saúde devia ser reformatado para ser mais Plano Programa e Orçamento e com lógica de Projectos apoiados em sistemas de informação ( e sem incorrer da patetice que o Ingleses fizeram há uns anos) e em que as linhas orientação clinicas fossem bem evidentes como eixo de acção.
    Aguardemos então pelo que vai sair à cena.

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