Prosseguindo a análise do programa do Governo, o assunto seguinte respeita às linhas de orientação clínica.
Para além do elogio habitual ao papel das orientações clínicas, há dois aspectos chave a explorar.
Primeiro, a menção à comunidade científica internacional. Dadas as dificuldades em conseguir consensos nacionais sobre orientações clínicas, uma possibilidade é constituir uma task force de peritos internacionais, com um mandato claro e delimitado no tempo para em cada área se produzirem linhas de orientação clínica. A dificuldade de encontrar consensos nacionais não é especificidade nacional, mas há que procurar formas de ultrapassar essa dificuldade.
Uma vez criadas estas linhas de orientação clínica, sugiro colocá-las a discussão durante três meses, em que todas as alterações que sejam propostas terão que forçosamente ser baseadas em evidência clínica, e serão avaliadas pela task force de cada área clínica.
O segundo aspecto que quero ressaltar é a menção aos princípios de custo – efectividade. Estes deverão estar presentes sempre que possível. Contudo, a sua ausência não deverá implicar que não sejam adoptadas linhas de orientação clínica.
Apenas com o estabelecimento de um padrão de referência será possível aferir a qualidade da prática clínica, pelo que o primeiro passo é estabelecer esse padrão de referência, bem como o processo da sua revisão periódica.
Esta é uma medida que mais do que grande estudo exige sobretudo determinação na acção.
8 \08\+00:00 Julho \08\+00:00 2011 às 13:13
Eu neste caso optaria por converter uma subunidade das múltiplas entidades que já existem (DGS, ACSS, ERS, entre outras) numa agência cuja finalidade fosse funcionar como um NIHCE à portuguesa, avaliando tecnologias de saúde e produzindo NOCs. Esta unidade deveria ter uma constituição mínima de pessoal e cada trabalho deveria ser feito por equipas reunidas casuisticamente (subcontratadas para cada ocasião). A autoridade decorrente da própria instituição chegaria para dar força de lei aos documentos produzidos 🙂
PS – Parabéns por este trabalho de escalpelização construitiva:) Aguardo com alguma expectativa a vez da política do medicamento!
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9 \09\+00:00 Julho \09\+00:00 2011 às 02:38
Vladimiro,
a política do medicamento vai ser analisada de forma muito curta, vou remeter para outros escritos meus, para evitar estar a repetir-me,
mas logo se vê se consigo ter tempo para fazer mais do que isso.
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9 \09\+00:00 Julho \09\+00:00 2011 às 15:08
Pedro
Sobre as linhas de orientação clinica e depois de ter privado dois dias com o Professor Dennis Helling (Kaiser Permanente Colorado) validei o que sempre me pareceu ser o Grande Problema sobre o tema em Portugal: em cada canto seu espírito santo (salvo seja) e dividir para reinar porque a coisa estava a dar.
Mesmo com a complexidade que as “doenças” têm na nossa Sociedade de 3ª vaga, a ausência de linhas de orientação clinica em portugal neste momento só pode revelar o que não pode continuar: a ausência delas porque das estratégias formuladas pouca implementação se verificou.
De “diagnósticos” estão “os gabinetes” cheios e bem pagos:))
De implementação consistente estão os pontos de saúde vazios.E isso até agora ainda não vi delineado.Penso, por exemplo,que o Plano Nacional de Saúde devia ser reformatado para ser mais Plano Programa e Orçamento e com lógica de Projectos apoiados em sistemas de informação ( e sem incorrer da patetice que o Ingleses fizeram há uns anos) e em que as linhas orientação clinicas fossem bem evidentes como eixo de acção.
Aguardemos então pelo que vai sair à cena.
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