recuperando a discussão iniciada na semana passada, vejamos o primeiro argumento – limitar as entradas nas faculdades de medicina para garantir emprego aos médicos que sejam formados.
Esta visão é extremamente redutora – tem implícito que as universidades públicas são devem formar médicos se estes vierem a ter emprego no serviço nacional de saúde. Ora, não há razão para a medicina ser diferente de toda a outra oferta formativa das universidades. As universidades não são agências de emprego garantido. Nem o devem ser. É importante que no momento da escolha de cada curso, os potenciais alunos conheçam as saídas profissionais possíveis e a facilidade, ou falta dela, de quem finaliza esse curso em encontrar emprego. A transparência na informação é crucial. Não se deve porém fazer mais “engenharia social” do que dar informação. Vejo dois motivos importantes para isso: se alguém desejar frequentar um determinado curso, mesmo sabendo que terá dificuldades posteriores em encontrar emprego, deverá ser um “planeador social” a determinar que não o pode fazer, ou a pessoa deverá ter a liberdade de correr esse risco se o entender? por outro lado, não existe uma correlação perfeita entre o preenchimento das condições de entrada e o desempenho efectivo à saída do curso, não sendo por isso claro que o filtro de entrada seja a melhor forma de garantir os melhores profissionais à saída. Tal como nem sempre o melhor desempenho académico no curso se traduz no melhor desempenho profissional, depois de finalizado o curso.
No caso da Medicina, antecipo que esteja na ponta da língua o argumento do custo da formação, que se deveria evitar com um planeamento adequado e limitação das entradas nos cursos de Medicina. Esse será o tema de um post próximo.
28 \28\+00:00 Março \28\+00:00 2012 às 11:36
Excelente Post. Completamente de acordo. Principalmente quando refere que ” … nem sempre o melhor desempenho académico no curso se traduz no melhor desempenho profissional, depois de finalizado o curso.”
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