Ontem, 12.12.12, decorreu mais uma conferência do diário económico, com várias apresentações, incluindo uma intervenção do ministro da saúde, Paulo Macedo.
Esta intervenção tocou em vários pontos importantes, que merecem uma descrição e nalguns casos um comentário rápido. O meu comentário organiza-se de acordo com os grandes tópicos da intervenção (pelo menos, na forma como os registei nas minhas notas).
1 Financiamento da Saúde – discussão das transferências do OE para o SNS, evidenciando os caminhos passados dos orçamentos rectificativos. Importante o reconhecimento de que a despesa real do SNS tem que incluir o défice do SNS e as despesas dos hospitais EPE, que têm sido nos últimos anos substanciais. Significa que a verdadeira despesa a ser financiada pelo sector público na saúde tem que incluir todas essas despesas, mesmo que não estejam incluídas na transferência do OE. Toma-se como desafio essencial conseguir evitar este ritmo de acumulação das dívidas.
Comentário: Este é sem dúvida um dos principais desafios à gestão do SNS. O ser reconhecido como tal não é novo, resta saber se se conseguem instalar os mecanismos automáticos no funcionamento dos hospitais que mudem esta situação.
2 Política de saúde – tocaram-se nos habituais pontos – aumento da eficiência, reforço dos cuidados de saúde primários, qualidade, reforma hospitalar, política do medicamento, internacionalizar o sector da saúde. Reforma decisiva a prazo: redução estrutural da carga de doença.
Comentário: há uma insistência na ideia de concretizar reformas já em curso, como nos cuidados de saúde primários, e uma introdução das considerações de longo prazo. Não se poderá ainda mostrar em que traduz a preocupação com a redução estrutural da carga de doença, mas é certamente bom ter uma perspectiva do que se quer atingir no longo prazo. Igualmente curioso o assumir da internacionalização do sector da saúde como um objectivo do ministério da saúde (poderia pensar-se que seria deixado unicamente à política industrial). Sobre este aspecto, e do tema próximo do turismo médico, tratarei num outro post, daqui a uns dias.
(continua…)
13 \13\+00:00 Dezembro \13\+00:00 2012 às 10:21
Fiquei curioso porque li os seus últimos 2 “posts” em sequência. Posso fazer uma pergunta “marota”?
A reforma do sector da Saúde está a decorrer, aparentemente no bom sentido em geral (para si). Em que medida pode a mesma ser separada da “refundação” do Estado Social?
Eu percebo a sua tendência, devida à sua especialização, mas às vezes parece que são tratados como assuntos separados e que o governo tem sido relativamente bem sucedido nas questões da Saúde e omisso no resto. Peço-lhe que não interprete o comentário como uma crítica, porque é uma mera reacção para favorecer a troca de ideias.
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13 \13\+00:00 Dezembro \13\+00:00 2012 às 15:08
Caro mjmatos,
nunca encaro os comentários como críticas pessoais, e o seu nem sequer é uma crítica. Trato mais vezes das questões de saúde porque olho para elas com maior detalhe.
Sobre a refundação do estado social, irei também escrever algo nos próximos dias, espero depois pelos seus comentários.
Cumprimentos
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