Q: Não é um monopólio privado que temos na energia – Galp e EDP – nomeadamente na distribuição? Não passamos essas áreas para as mãos de privados sem resolver os problemas de concorrência? A energia – edp e ren – não está agora dominada por um acionista de um estado em que controla os setores estratégicos? Quais os riscos de um monopólio privado? Em Portugal os reguladores têm feito bem o seu trabalho de controlo? Os preços da energia parecem desmenti-lo….
R: Ora, aqui está um tópico para muitas horas – a energia, ou melhor a electricidade, que é apenas uma parte da energia, tem pelo menos 4 actividades distintas (as principais):
– produção – transporte em alta tensão – distribuição em baixa tensão – venda (ou comercialização)
(há depois ainda umas coisas como a gestão do sistema por exemplo)
Os riscos de monopólio privado são conhecidos: preços excessivos, ou como agora se diz rendas excessivas, como abreviação para rendas económicas excessivas, ou seja lucros acima do que é a remuneração normal da actividade desenvolvida. Outros riscos são a menor inovação e empresas menos centradas no cidadão, no consumidor.
Para os preços da energia conta também uma longa história de políticas do estado, poder das empresas, contratos de longo prazo, direitos adquiridos, e falta de capacidade para perceber os mecanismos pelos quais os privados se foram garantindo posições confortáveis, sem que o estado mostrasse capacidade técnica para antecipar essas situações.