No final do livro, JLA surge como defensor da medicina personalizada – médico certo para a pessoa certa na altura certa. É realçada a importância da equipa, bem como a singularidade biológica do doente, que é, será em breve reconhecida pela informação obtida do seu genoma, mas não há determinismo dos genes, continuando o médico a ter um papel de conhecimento e decisão.
A noção de medicina personalizada é atractiva por um lado – se for dado a cada doente apenas o que é estritamente necessário, então está-se no caminho de estabelecer uma melhor utilização de recursos; por outro lado, o enorme conjunto de informação resultante poderá vir a gerar comportamentos oportunistas? ou poderão surgir utilizações indevidas desse conhecimento enorme sobre cada um? bastará a limitação ética do exercício da medicina como restrição ao abuso dessa informação sobre cada indivíduo? mas também haverá maior exigência do doente / consumidor, eventualmente para níveis que não podem ser satisfeitos pela medicina?
E assim fica terminada a leitura comentada do livro de João Lobo Antunes.