através de uma noticia na rádio, fiquei a saber que teria sido afirmado que era “intenção” os preços da electricidade até 2020 subirem até 2% em termos reais, o que vim a confirmar por uma notícia online (aqui, por exemplo), apesar de ontem o presidente da entidade reguladora dos serviços energéticos ter dito que não se poderia ainda definir o aumento para 2013 (ver aqui).
Subida em termos reais significa 2% acima da taxa de inflação, só que é difícil perceber como esta “intenção” do Governo pode ser mantida num contexto de mercado livre, em que os preços da energia reflectem os custos de produção.
Se o preço do gás natural subir de forma acentuada no mercado internacional, a intenção deixará de se cumprir, mas será apontada a falha em cumprir uma promessa (e não tenho dúvidas que a “intenção” fica transformada em “promessa” em termos políticos). A menos que para cumprir a “intenção” se regresse a uma situação de subsidiação de preços com aumento da dívida dos consumidores aos produtores (um tal de défice tarifário não é mais do que isso!).
A definição, aceitação e cumprimento de uma política energética até 2020 não é uma coisa simples, nem fácil, nem isenta de incertezas. Adicionar confusão adicional com “promessas/intenções” de evolução de preços que com elevada probabilidade não serão cumpridas não é propriamente desejável. A ver vamos se não será mesmo 2013 a desfazer a intenção…
16 \16\+00:00 Março \16\+00:00 2012 às 19:35
Pois é a triada do costume: Inépcia, Incompetência e demagogia!
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16 \16\+00:00 Março \16\+00:00 2012 às 19:36
Coroada pela velha falta de sentido de Estado!
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16 \16\+00:00 Março \16\+00:00 2012 às 20:10
Parece-me que o objectivo é tornar a energia um sector com rendibilidade garantida, mesmo que seja às custas do desenvolvimento de Portugal. Se assim for, os 2000 M€ que recebemos da China na EDP sair-nos-ão bem caros …
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17 \17\+00:00 Março \17\+00:00 2012 às 08:33
Uma vez mais os interesses privados instalados revelam-se no sector do estado…
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17 \17\+00:00 Março \17\+00:00 2012 às 09:48
quando escrevi estava a pensar na seguinte sequência de eventos: secretário de estado demite-se por razões pessoais – ex-secretário é apontado como “vítima” do poder da EDP – ex-secretário de estado (ou alguém por ele) revela que iria referir aumento de 10% nos preços da electricidade no próximo ano – jornalistas perguntam a presidente da entidade reguladora dos serviços energéticos (erse) – presidente da erse revela que é cedo para saber – ministro revela “intenção” de não aumentar mais de 2% acima da inflação
pressuponho que o último elo desta cadeia tivesse como intenção “desmontar” o receio de aumentos de 10%, mas
a) a mecânica de determinação de preços da electricidade depende em grande medida do preço da produção, que é determinado no mercado ibérico, e que é influenciado pelos preços do gás natural, que estão correlacionados com os preços do petróleo – não há forma de garantir que não aumentem ou que aumentem em linha com a inflação portuguesa;
b) no passado sempre que houve esta preocupação de os preços não aumentarem muito, criou-se um défice tarifário, de dívida às empresas, que é naturalmente pago e com juros – é uma forma de endividamento dos consumidores via empresas do sector; nunca deu bom resultado.
c) se é “intenção” é “o Governo fará os seus melhores esforços para mas não garante que” não são claros quais os instrumentos que pretende usar num mercado liberalizado
d) mesmo que “intenção” seja o que referi no ponto acima, aposto já que os jornalistas e a oposição política vão cobrar a “intenção” como promessa se não for concretizada
para esta futura “intenção” que provavelmente não será cumprida não antecipo apenas confusão desnecessária, e nem é preciso entrar com considerações adicionais !
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