O resultado do referendo no Reino Unido trouxe a decisão de saída da União Europeia. Os próximos tempos vão ser avassaladores nos comentários e análises. Não é difícil antecipar que haverá quem anuncie o fim do “projecto europeu”, como quem defenda que sem os ingleses se poderá avançar para “mais projecto europeu”.
O processo de saída do Reino Unido levará até dois anos depois do pedido dessa saída, que terá de ser feito, e David Cameron no seu discurso de demissão referiu que será o próximo primeiro-ministro inglês a fazer esse pedido. O que só sucederá em Outubro, dado que Cameron anunciou que permanecerá até lá.
Os resultados do referendo vão ter consequências de curto prazo e de longo prazo importantes, para a Inglaterra/Reino Unido, para a União Europeia e para Portugal.
No caso inglês, o problema maior do resultado do referendo vai ser provavelmente político – A Irlanda do Norte e a Escócia votaram a favor de permanecer na União Europeia, as ideias sobre a independência na Escócia devem voltar, reforçadas pela vontade de pertencer à UE – o que a suceder cria dois problemas – como separar a Escócia do Reino Unido? Como fazer a adesão da Escócia à União Europeia?
E também têm o problema político de uma Inglaterra que tem uma divisão Londres / resto do país. Os mapas de votação são muito claros quanto a isso (ver abaixo, retirados do Guardian). Poderá ser este um resultado de um discurso continuado de muitos anos (desde sempre?) contra a União Europeia e contra as suas instituições?
Em termos económicos, a Inglaterra tem mostrado ter uma economia com capacidade de ajustamento, e encontrará o seu novo espaço, com novos acordos, revisão da legislação para expurgar o que quiser do normativo europeu, etc.
Para a Europa, o desafio principal será o de gerir as relações económicas e políticas durante o processo de saída. Não há nada que impeça a criação de tratados que mantenham continuidade nas relações económicas vigentes. Sendo a primeira separação de um país da União Europeia, haverá um caminho de aprendizagem, mas que não tem de ser traumático. E dentro da Europa há o exemplo da República Checa e da Eslováquia, que resultaram da cisão de um país. Mais fortes serão as pressões para referendos nalguns países da União Europeia, o que terá tensões que se poderão transmitir a nível europeu.
Para Portugal, a principal mudança nos próximos meses virá do turismo, e do que for a evolução do câmbio da libra inglesa face ao euro. A concretizar-se uma desvalorização da libra face ao euro, os turistas ingleses terão menos poder aquisitivo, podendo vir a gastar menos em turismo. Se a saída do Reino Unido significar, por outro lado, que o euro se desvaloriza face ao dólar, poderão surgir melhores oportunidades de exportação para mercados onde o dólar seja a moeda de referência. Nada fácil antecipar o que possa ser este impacto.
24 \24\+00:00 Junho \24\+00:00 2016 às 09:30
Estou com dificuldade em perceber os gráficos, I.e. o que é a variável Y? Pelo que percebi, X é a percentagem de votos a favor/contra; e Y? é algo medido nos últimos censos? Os resultados estão agregados por “county”, e suponho que o tamanho da bola seja proporcional á população (ou log população?)
Para referência, as imagens foram retiradas daqui: http://www.theguardian.com/politics/ng-interactive/2016/jun/23/eu-referendum-live-results-and-analysis
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24 \24\+00:00 Junho \24\+00:00 2016 às 10:34
Desvalorização da libra>inflação.
Diminui as importações, aumenta mercado interno, aumenta a competitividade da industria. aumentam as exportações e o saldo comercial., Melhora a economia
Ou seja , vão passar por aperto mas a prazo, se não morrerem com o tratamento, podem ficar melhores
E Portugal? Daqui a uma semana sempre entram em vigor as 35 horas?
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24 \24\+00:00 Junho \24\+00:00 2016 às 14:31
não faço ideia sobre as 35 horas, pois não pode ser simplesmente dizer que entram em vigor – tem que ocorrer algum efeito de compensação em termos de contratação (ou horas extraordinárias ou outra coisa qualquer)
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24 \24\+00:00 Junho \24\+00:00 2016 às 14:30
Y- sim, são características da população, descritas no topo, e dimensão será dimensão da unidade geográfica.
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24 \24\+00:00 Junho \24\+00:00 2016 às 15:48
Me parece que o ponto básico seria a insatisfação com um parlamento europeu impregnado de burocratas. Gostei da atitude dos ingleses.
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24 \24\+00:00 Junho \24\+00:00 2016 às 17:56
Há que ter em conta que durante 40 anos os ingleses se queixaram da comissão europeia, e por vezes sem razão. A burocracia europeia existe, mas não é tão má como os ingleses a representaram internamente, há muitas histórias que são urban legends.
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24 \24\+00:00 Junho \24\+00:00 2016 às 18:44
não é interessante a votação dos residentes que nasceram fora do Reino Unido? o resto pode dizer-se que era mais ou menos o que se poderia antecipar da “literatura”
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