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encerramento da maternidade alfredo da costa (2)

32 comentários

Agora sim, alguns números sobre a actividade de partos na zona de Lisboa
(embora a Maternidade Alfredo da Costa tenha alguma outra actividade para além dos partos, esta é a principal).
Os valors são baseados nos episódios classificados nos GDHs 370 – 375, 650 – 652
O primeiro passo foi perceber onde nascem as pessoas do concelho de Loures, para ter uma ideia dos principais hospitais afectados pela abertura do novo hospital de Loures, admitindo que haverá uma preferência por esse hospital (mais perto da zona de residência).
Assim, 70% dos partos correspondentes a pessoas que indicaram viver no concelho de Loures ocorreram na Maternidade Alfredo da Costa, 19% no Hospital de Santa Maria, 5,4% no Hospital de São José, 2,1% no Hospital S. Francisco Xavier e 2,4% em outros 9 hospitais diversos.
Olhando apenas para os 4 hospitais mais relevantes, o quadro tem a informação sobre o número absoluto de partos nesse hospital (qualquer que seja a origem geográfica), o número de partos no hospital que tem como origem  geográfica o hospital de Loures e a diferença, que será uma previsão (tosca) do número de partos caso todos os partos com origem no concelho de Loures se desloquem para o novo hospital. O número para o total de partos na Maternidade Alfredo da Costa não é exactamente o mesmo referido em notícias na imprensa, tendo como fonte uma médica da Maternidade, mas é suficientemente próximo para se estar dentro das magnitudes relevantes.
Total de partos vindos do concelho de Loures Total de partos no hospital Total de partos s/ Loures
Hospital de São José 168 2008 1840
Maternidade Dr. Alfredo da Costa 2172 5304 3132
Hospital de São Francisco Xavier 65 2861 2796
Hospita de Santa Maria 592 2622 2030
(nota: números referentes a 2010)
Sobre estes números,  o Hospital de Santa Maria parece sofrer pouco, já a MAC é quem perde mais, e podia absorver todos os partos que restam no Hospital de  Santa maria, ou os do Hospital S. José.
A questão é saber se é melhor deslocar os cerca  de 3132 partos que se podem prever para a Maternidade Alfredo da Costa nos outros hospitais, nomeadamente H. Santa Maria e H. São José ou fechar a maternidade numa destas unidades e passar todos os partos referentes a ela para a Maternidade Alfredo da Costa.
O principal contra desta solução é como ambos o H de S. José e o H. de Santa Maria têm ensino universitário de Medicina, não faz muito sentido encerrar as maternidades dessas unidades.
Assim, a alternativa mais lógica fica a ser fechar a maternidade do H. S. Francisco Xavier, direccionando a respectiva actividade de partos para o H. de S. José e para a Maternidade Alfredo da Costa, mas isso fará pouco sentido também dada a população servida pelo H. S. Francisco Xavier.
Estas observações beneficiariam de ter informação sobre as capacidades das diversas unidades hospitalares em causa, o que não consegui recolher (ainda, pelo menos), mas de qualquer modo creio que permitem uma visão mais clara – a abertura do novo hospital em Loures retira um número substancial de partos da Maternidade Alfredo da Costa. Esta fica então com capacidade por utilizar. O efeito sobre outros hospitais é menor, e o que mais é afectado depois da Maternidade Alfredo da Costa é o Hospital de Santa Maria.
A capacidade disponível na MAC é capaz de absorver toda a actividade de partos de um dos dois hospitais associados com Faculdades de Medicina (Hospital de Santa Maria – Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Hospital de S. José – Faculdade de Ciências Médicas). Mas precisamente por estes últimos hospitais serem universitários, fará mais sentido concentrar a actividade neles do que retirar de lá actividade, um argumento diferente da questão de unidades monovalentes (como a MAC) vs integradas em hospitais gerais. Assim, para manter a actividade da MAC sem haver capacidade instalada não utilizada, a solução teria que passar por deslocar actividade de outro hospital da zona de Lisboa. Só que os únicos com actividade suficiente seriam o Hospital de S. Francisco Xavier ou parte da actividade do Hospital de Amadora Sintra. Servindo esses hospitais sobretudo populações ao redor de Lisboa, a centralização dentro de Lisboa aparenta ser uma solução menos razoável do que deslocar as equipas da Maternidade Alfredo da Costa para outras unidades hospitalares.
(Nota final: estas informações e opinião poderão ser corrigidas se entretanto se obtiver informação mais actualizada ou mais completa. Agradeço aos leitores do blog que me enviaram sugestões, mesmo que a minha opinião não vá de encontro à sua).

Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

32 thoughts on “encerramento da maternidade alfredo da costa (2)

  1. Comentário recibido vía facebook:

    Para mim faz sentido a maternidade Alfredo da Costa continuar a funcionar como uma maternidade mais direccionada para investigação e ensino universitário. A subsistência desta poderia ser assegurada pelos hospitais da zona de Lisboa. Como corolário, os obstectras da MAC teriam de acumular funções num dos hospitais associados.Porque não?

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    • essa pode ser uma solução a ser pensada, nas suas vantagens e desvantagens. As dificuldades de coordenação entre instituições diferentes sugere que seja mais fácil associar a maternidade apenas a uma instituição de ensino. As desvantagens a avaliar são a relação entre universidade e hospital universitário quando não estão nas mesmas instalações (embora aqui a faculdade de ciências médicas tenha uma experiência de dispersão) e a compatibilidade do ensino com os alunos viajarem entre instituições. Não conheço o suficiente da educação em medicina para saber quando ocorre a formação relevante nas áreas onde a maternidade seja relevante. A existência de várias instituições também pode gerar custos adicionais, e implicaria sempre que um dos grandes hospitais universitários teria de abdicar de ter maternidade nas suas instalações centrais. Mas devemos certamente colocar as várias alternativas em comparação umas com as outras.

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  2. Pingback: sobre o encerramento da Maternidade Alfredo da Costa | Estado Vigil

  3. Pingback: Sobre o encerremento da Maternidade Alfredo da Costa « O Insurgente

  4. E os partos do concelho de Odivelas? Odivelas também está integrado na área de influência do Hospital de Loures.

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  5. Pingback: Da preguiça. Ou do facciosismo « BLASFÉMIAS

  6. Exmo. Prof. Dr.,
    Será que o argumento de manutenção dos serviços dos Hospitais de Santa Maria e de S. José por serem hospitais universitários não está a ser sobrevalorizado?
    Digo isto unicamente porque é prática comum das escolas médicas fazerem deslocar os seus alunos para unidades como a MAC, a Estafânia ou o IPO de forma a, por um lado, poderem dar lugar a mais alunos por especialidade, mas por outro lado, a potenciarem a possibilidade destes alunos aprenderem em unidades que são mais especializadas em determinadas áreas.

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  7. Mantendo as equipas intactas o melhor é fechar a MAC .E não esquecer que o Hospital de Todos-os -Santos ainda vai mais reforçar esta decisão. É uma questão de tempo, como aliás dizem as instituições representativas dos médicos. manter edificios com aquela idade representa muito dinheiro e muitas ineficiências.
    Com sua licença vou publicar na PEGADA.

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  8. (…) o Hospital de Santa Maria parece sofrer pouco, já a MAC é quem perde mais, e podia absorver todos os partos que restam no Hospital de Santa maria, ou os do Hospital S. José.(…)
    onde se lê “o Hospital de Santa Maria parece sofrer pouco”, deverá ler-se: Hospital de São Francisco Xavier, certo?

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  9. @Rui Gonçalves
    Maternidade – incluída ou não em hospital universitário? a questão pode ser devolvida ao contrário – o que se perde por ter tudo dentro do Hospital de Santa Maria, em vez de os alunos andarem a ter que se dispersar. O facto de o fazerem hoje não significa que seja a melhor opção de organização. Resta também saber quais os custos envolvidos em cada uma das opções (fechar Maternidade Alfredo da Costa ou fechar a maternidade do Hospital de Santa Maria).

    @Luis Moreira
    pode republicar, obrigado pela atenção.
    Sobre as opções, creio que pelo menos ficou claro que alguma coisa terá de fechar. O quê é que pelos vistos recebe preferências distintas. Hoje foi António Correia de Campos a referir o encerramento da maternidade de S. Francisco Xavier mantendo-se a Maternidade Alfredo da Costa.
    Em 2010, este hospital surge com 2866 partos dos quais, em termos dos principais concelhos de origem, 1063 de Oeiras, 515 de Lisboa, 358 de Cascais, 314 de Sintra e 149 da Amadora.

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  10. @Nazaré
    eu estava a classificar os cerca de 600 partos a menos no Hospital de Santa Maria como “sofrer pouco” tendo como referência de cerca de 2100 partos a menos na Maternidade Alfredo da Costa. O Hospital S. Francisco Xavier praticamente não sofre praticamente nada.
    De qualquer modo, não fico agarrado ao “sofrer pouco”, e dando conta dos valores, cada um pode fazer a sua avaliação do significado quantitativo do impacto de abertura de mais capacidade.

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  11. recebidos via facebook:

    [1] Tenho acompanhado este debate e fico com pena que as decisões que se tomam em Portugal não tenham por base análises com base em informação credível como procura fazer o Prof. Pita Barros. Pena é que desde há muito não se tenha dado atenção ao que este e outros estudiosos da economia da saúde vão dizendo. Talvez a situação do SNS não fosse tão grave, pese embora as dificuldades há muito evidenciadas para o sector face ao crescimento descontrolado da despesa e ao pouco que se fez no controlo da mesma.

    [2] Uma analise desapaixonada! Num país à beira do precipício é preciso que cada um de nós olhe para os fatos sem a distorção dos sentimentos de perda. Já passei pelo encerramento da minha maternidade e conheço os sentimentos de revolta, de frustração e até de medo do incerto, do desconhecido. Compreendo os profissionais da MAC. Mas também compreendo que a decisão tem que ser racional salvaguardando o essencial – a sustentabilidade do SNS e o acesso universal a cuidados de qualidade e gratuitos. Porque será que na comunicação social ainda ninguém procurou debater o problema – a necessidade de manter a qualidade do serviço a menor custo. Acredito que vamos ter que fazer mais escolhas e tomar outras decisões difíceis. O Prof. Pedro Pita Barros colocou aqui os argumentos que devem suportar uma decisão responsável. Porque escolhas é o que temos que fazer todos os dias, bem como assumir as consequências. E não decidir também é uma escolha com consequências.

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  12. Pingback: A conspiração dos media | interessepessoal

  13. Pingback: A bexiga e as cirurgias das grávidas da MAC | Aventar

  14. num comentário indirecto do Aventar (http://aventar.eu/2012/04/14/a-bexiga-e-as-cirurgias-das-grvidas-da-mac/), surge a questão freguesias de influência, cujo tratamento permite também dar mais detalhes na resposta ao comentário anónimo inicial.

    Tomemos as áreas de influência das freguesias como sendo as indicadas no site do Hospital Beatriz Angelo (Loures) e no portal da saúde para a Maternidade Alfredo da Costa
    (http://www.hbeatrizangelo.pt/pt/apoio-aos-utentes/area-de-influencia/
    http://www.min-saude.pt/Portal/servicos/prestadoresV2/?providerid=229)

    Da sua análise conjunta, retira-se que nem todas freguesias de Loures passam a ser servidas pelo novo hospital, de acordo com estas áreas de referência.

    A informação por freguesia que consigo obter não é exactamente coincidente com a informação por concelho (aparentemente há menos pessoas a conseguir identificar correctamente a freguesia de residência do que concelho).

    Interessa saber quantos partos passam da Maternidade Alfredo da Costa para o novo hospital de Loures, mas também os que passam do Hospital de Santa Maria (os restantes hospitais do centro de Lisboa são pouco afectados).

    As estimativas numa base mais fina de freguesia, mas com informação menos precisa, é que a Maternidade Alfredo da Costa perderá 1639 partos (valor inferior à estimativa por concelho), mas o Hospital de Santa Maria perderá cerca de 809 partos (mais do que a estimativa por concelho). O valor conjunto é ligeiramente inferior.

    Quer se acredite mais na identificação dos partos desviados por freguesia ou por concelho, a conclusão é no sentido de haver um desvio de partos da Maternidade Alfredo da Costa + Hospital de Santa Maria com expressão significativa, no sentido de ser razoável e expectável que uma das maternidades tenha as suas instalações actuais encerradas e concentrada a actividade noutro local. Note-se que é também necessária menos capacidade instalada também em termos de equipas, pelo que a distribuição de recursos humanos em resposta a esta abertura do novo hospital de Loures terá de ser mais do que transferir todos para um novo edifício.

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  15. Importa reflectir que nem sempre as opiniões publicas de quem o pode fazer são isentas. A relação pessoal de um ex-ministro, um actual deputado e uma directora da MAC, tornam pouco credíveis as opiniões de Correia de Campos

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  16. Todos os temas são passíveis de comentar mas há que reunir a informação e ter o conhecimento adequados. A MAC não tem razão de existir na pratica obstétrica actual!! A ausência da capacidade de praticar uma medicina segura para com a população que atende é motivo suficiente.Só pode ser atendida na MAC uma gravida saudável. Não tem mais nenhuma outra especialidade médico-cirúrgica para alem da obstetrícia, já que a área de ginecologia também já não tem capacidade cirúrgica. O mediatismo político tem sido facilitado por um ex ministro, um deputado e um dos directores da MAC, com laços familiares entre eles. Só mesmo em Portugal

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    • Só como anónimo se pode compreender uma resposta que não tem nada a ver com a realidade. A MAC é o Hospital perinatal Diferenciado do País onde mais gravidezes de risco são vigiadas com excelentes resultados perinatais como os dados objectivos revelam. É uma perfeita inverdade que não tenha outras especialidades, há medicina interna, endocrinologia, cardiologia e há articulação com muitos outros serviços. Acha que se fosse como diz, em 5583 partos realizados em 2011 com 60% de gravidas de risco não haveria já conhecimento de problemas graves caso tivessem ocorrido?

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  17. A rentabilização dos recursos. Alguém equacionou os custos de manter uma urgência aberta? Para os números apresentados pelo Prof Doutor Pita Barros sabem que o H Garcia de Orta funciona com equipas medicas de 5, na Amadora 6,em Cascais 4, S Maria com 7, na MAC sao 8-9 e no HSFX sao 4?!

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  18. recebidos via facebook:
    [1] Tenho acompanhado este debate e fico com pena que as decisões que se tomam em Portugal não tenham por base análises com base em informação credível como procura fazer o Prof. Pita Barros. Pena é que desde há muito não se tenha dado atenção ao que este e outros estudiosos da economia da saúde vão dizendo. Talvez a situação do SNS não fosse tão grave, pese embora as dificuldades há muito evidenciadas para o sector face ao crescimento descontrolado da despesa e ao pouco que se fez no controlo da mesma.

    [2] Uma analise desapaixonada! Num país à beira do precipício é preciso que cada um de nós olhe para os fatos sem a distorção dos sentimentos de perda. Já passei pelo encerramento da minha maternidade e conheço os sentimentos de revolta, de frustração e até de medo do incerto, do desconhecido. Compreendo os profissionais da MAC. Mas também compreendo que a decisão tem que ser racional salvaguardando o essencial – a sustentabilidade do SNS e o acesso universal a cuidados de qualidade e gratuitos. Porque será que na comunicação social ainda ninguém procurou debater o problema – a necessidade de manter a qualidade do serviço a menor custo. Acredito que vamos ter que fazer mais escolhas e tomar outras decisões difíceis. O Prof. Pedro Pita Barros colocou aqui os argumentos que devem suportar uma decisão responsável. Porque escolhas é o que temos que fazer todos os dias, bem como assumir as consequências. E não decidir também é uma escolha com consequências.

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  19. Professor,

    penso que não tem em conta o papel da MAC enquanto centro de estágios de enfermagem pediátrica e obstetra. Os Hospitais de S. José e Sta. Maria servem as referidas Faculdade de Medicina mas a MAC (e outros) serve a ESEL – Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, que conta com 4 escolas individuais.

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  20. Caro Prof. P.Barros
    Pelo que tenho ouvido o problema será HSM, se Loures ficar com uma grande fatia dos utentes do HSM este fica em dificuldades em várias areas.
    Com a MAC integrada no CHLC este ganha, como hospitalar escolar, uma importância acrescida com equipas treinadas, com saberes e tecnologias de ponta. Claro que o CHLC ficaria com mais do dobro dos partos que o CHLN.
    De salientar que para além dos partos a MAC tem outras prestações do mais alto gabarito.
    Com um abraço, Marinho

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  21. @DCF – sendo que estimo que a MAC perderá um pouco mais de 2000 partos para o novo hospital de Loures, a solução para a formação de que fala (e da qual desconheço detalhes especificos) não será passível de ser feita também na instituição que acolher os partos restantes da MAC? compreendo que essa formação seja uma preocupação, a solução é que talvez possa ser encontrada de outra forma.

    @Marinho – de acordo com as estimativas que consigo construir, o hospital de Santa Maria perderá cerca de 800 partos, ficando com cerca de 1800 no total. A redução é menor em termos absolutos do que na Maternidade Alfredo da Costa, mas tem mais impacto porque começa a aproximar o número de partos do valor que justifica tecnicamente o encerramento da maternidade. O encerramento do actual edifício da Maternidade Alfredo da Costa deverá fazer passar partos para quer para o CHLC quer para o CHLN. (deverá, digo eu, que não ainda não consultei documentos que indiquem os planos exactos para as alterações de actividade das maternidades)

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  22. Caro Prof. P. Barros
    De acordo com o que escreve, fico com a sensação de ter ouvido bem: o problema é o HSM e não a integração da MAC no CHLC; se a integração tivesse sido com o CHLN, dizem-me, ninguém falaria do assunto nem permitiria a pulverização das equipas.
    Enfim, isto tem pouco a ver com Saúde…

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  23. Ainda sobre este tema, alinhemos argumentos:
    a) não houve uma única defesa da manutenção de todas as maternidades abertas; as posições de defesa do não encerramento da MAC não obstaram a que seja necessário encerrar algo.
    b) argumento para a defesa do não encerramento da MAC – capacidade de formação avançada – faculdade de ciências médicas, enfermagem
    c) argumento para a defesa do não encerramento da MAC – diferenciação e qualidade dos cuidados prestados
    d) argumento para a defesa do não encerramento da MAC – o valor da respectiva marca.

    As alternativas são:
    1. Manter tudo como está, com os custos inerentes, em termos de riscos para a qualidade da actividade desenvolvida e de despesa.
    2. Encerrar a Maternidade Alfredo da Costa, transferindo a sua actividade (incluindo equipas) para CHLC (onde já está institucionalmente inserida) e CHLN.
    3. Encerrar a maternidade do Hospital de Santa Maria, transferindo a sua actividade nesta área para a MAC.
    4. Encerrar a maternidade do Hospital de S. Francisco Xavier, transferindo a sua actividade nesta área para a MAC.

    Os argumentos b) e c) são compatíveis com transferência de actividade e equipas para outras unidades hospitalares.

    Manter tudo como está não faz sentido face à redução de actividade por passagem de actividade para o hospital de Loures.

    Encerrar a maternidade no Hospital de Santa Maria faz pouco sentido, dada a natureza deste hospital, incluindo a presença da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

    Ficam as opções de encerrar a Maternidade Alfredo da Costa ou a parte análoga no Hospital de S. Francisco Xavier. Na opção 4, significaria que o concelho de cascais passaria a ter como maternidade a MAC. A contrapor a esta implicação está em a opção 2 implicar a mudança do local de trabalho dos profissionais da MAC e a perda do valor da marca.

    Sobre o valor da marca, tenho dúvidas sobre este argumento. Mais relevante é saber se a mudança de local de trabalho significa que as equipas perdem a sua capacidade técnica.

    Em cima destes argumentos, surgiram
    – argumentos emocionais
    – argumentos políticos de oposição ao Governo, e colocando o não encerramento da MAC como derrota política do Ministro da Saúde, qualquer que seja a potencial racionalidade de uma decisão de encerramento da MAC e transferência das equipas para outras instalações.

    Sobre a funcionalidade do edifício da MAC creio haver dúvidas sérias sobre a sua adequação às exigências actuais sem obras de vulto adicionais.

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  24. Caro Prof. Pedro Pita Barros, envio mais alguns elementos para discussão.
    Efectivamente nos últimos 10 anos foram inauguradas 6 maternidades na àrea da grande Lisboa, entre públicas (Cascais, Loures) e privadas (CUF Descobertas, Reboleira, Hospital da Luz e Hospital dos Lusíadas), sem encerramento de nenhuma, quando a natalidade tem vindo a diminuir.
    A manutenção de Serviços de Urgência Obstétrica em funcionamento exige recursos humanos e tem custos significativos.
    Actualmente não se justifica a existência de Maternidades não integradas num Hospital com outras valências médico cirúrgicas, como acontece na MAC e na Maternidade Magalhâes Coutinho.
    A população em idade fértil é residente na periferia da grande Lisboa, onde se deveria concentrar a maior capacidade assistencial.
    Como refere é fundamental avaliar a capacidade não utilizada em cada Hospital:
    – O Hospital de Loures tem capacidade de efectuar 2500-3000partos,
    – O novo Hospital de Cascais realizou em 2011, 2500 partos, tem uma unidade de neonatologia totalmente equipada e diferenciada, e tem capacidade de efectuar mais 800/1000 partos ano, podendo ficar com algumas freguesias de Oeiras.
    – Com a abertura de Cascais, o Amadora-Sintra perdeu cerca de 800 partos.
    – Com a abertura de Loures , Santa Maria perde aproximadamente 800 partos.
    – O Hospital São Francisco Xavier com 2700 partos, tem instalações que permitem a realização de 3200-3500 partos.
    Com reforço das equipas, estes Hospitais podem facilmente garantir a realização dos 3000 partos que vão ser efectuados na MAC, assim como a restante actividade de consultas, cirurgias,etc.
    A reorganização da referênciação com atribuição de freguesias periféricas aos Hospitais de Cascais, Loures e Amadora, e as centrais de LIsboa ao H.Santa Maria e São Francisco Xavier, eventualmente torna esta solução viàvel.
    Em relação a questão das Faculdades, todos estes Hospitais recebem jà alunos de Medicina para fazer o estàgio de Ginecologia-Obstetrícia, pertencentes às duas Faculdades de Medicina.
    Finalmente sobre a questão da mudança de local fazer com que as equipas percam a capacidade técnica, lembro que muitos profissionais oriundos da MAC, quer médicos, quer enfermeiros, integram as equipas dos Hospitais de Cascais, Loures e São Francisco Xavier, pelo contrário, a formação de equipas com profissionais vindos de várias ‘escolas’ melhora a capacidade técnica.

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  25. Pingback: A bexiga e as cirurgias das grávidas da MAC – Aventar

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