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8 comentários

estive ontem numa sessão organizada pela associação dos estudantes da faculdade de medicina da universidade de Lisboa, e se os oradores falaram sobretudo sobre a relação médico doente, a discussão que mais envolveu os alunos foi sobre as admissões e o numerus clausus, que segundo a generalidade dos presentes, incluindo director da faculdade e bastonário da ordem dos médicos, deveria ser reduzido, tendo surgido como principais argumentos:

a) garantir emprego aos novos médicos

b) assegurar a qualidade formativa

c) evitar o desperdício de custos de formação envolvidos na presença de médicos que não encontrem emprego (é ligeiramente distinto do a) )

Pessoalmente, destes três argumentos apenas o b) poderá, a meu ver, justificar restrições de admissão numa escola de medicina, mas não necessariamente a nível global: as faculdades de medicina podem aumentar a sua dimensão, podem-se abrir mais faculdades –  mas estas duas últimas possibilidades também não eram do agrado da plateia.

Não sei se fique surpreso ou preocupado, ou se é simplesmente diferenças na formação, ou diferenças de visão que se reflectem nas escolhas dos cursos.

Mas é um tema suficientemente importante para voltar a ele em breve.

Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

8 thoughts on “entradas em medicina

  1. Interessante seria fazer uma sessão parecida com alunos do secundário que tenham a intenção de seguir medicina. As ideias não devem ser bem essas… apesar das pessoas serem, em termos gerais, iguais.

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  2. Um questão que eu gostaria de saber era se todos os médicos devem ter uma formação geral (como acontece em Portugal) e depois um mais específica ou se seria preferível fazer já é feito em alguns países: existe um tronco comum mais curto e as especialidades são feitas mais cedo (à semelhaça do que acontece em Portugal com a medicina dentária). Já ouvi dizer que é melhor para os utentes (!?), demora menos anos a formar os médicos e que custa menos dinheito… será verdade? Alguém tem dados sobre isso?

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  3. Esses argumentos de restrição serão válidos para todos os outros cursos superiores, não?

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  4. @Nuno: uma boa ideia, mas os alunos do secundário preferem certamente ausência de qualquer restrição, incluindo exigência de conhecimentos mínima, por exemplo.

    @António: boa questão, não sei a resposta. Vou procurar saber mais.

    @Jorge: os argumentos são válidos para todos os cursos. A mesma questão pode-se colocar na Arquitectura, com médias elevadas para entrada e com empregabilidade difícil e mais difícil na actual conjuntura económica, de ausência de obras e quebra da actividade.

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  5. Sendo médico no Porto e pai de uma caloira em Medicina na FMUL (como declaração de conflito de interesses) dou a minha opinião:
    1) O pleno emprego é prejudicial em qualquer actividade, impedindo a selecção natural dos incapazes.
    2) O desperdício de recursos em formar excesso de médicos coloca-se da mesma forma apenas nas áreas com licenciaturas exclusivamente públicas (como é a Medicina, mas talvez também outras). Se o excesso de formação for realizado à custa do investimento privado, em Universidades pagas pelos pais e alunos, o saldo para as Finanças Públicas do país até será positivo, por colocar a circular dinheiro neste sector de actividade.
    2) Na Medicina, no entanto, existe um efeito pernicioso do desemprego médico que é a indução da procura de actos médicos fúteis de forma a alvancar os escassos doentes que caberão a cada um. A forte assimetria de informação e a relação de agência neste sector tornam este um perigo real. Esta situação já acontece nos dias de hoje nos seguros de saúde, sobretudo os públicos como a ADSE, que por remunerarem de forma baixa os actos básicos, como a consulta, incentivam o consumo de actos de diagnóstico (que geram novas consultas) e terapêutica (nomeadamente cirúrgica).

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  6. Boa tarde Professor Pita Barros,
    Foi com bastante interesse que acompanhei os sucessivos posts em que expôs os seus pensamentos sobre uma matéria de tanto melindre social, como esta da formação de novos médicos. Como seria de esperar, fê-lo com a humildade e honestidade intelectual que caracterizam a sua avaliação dos mais variados temas ligados à área da saúde e da ciência económica.
    Gostaria, se fosse possível, que harmonizasse ainda a sua argumentação com a teoria do monopólio crescente nos centros urbanos (onde, habitualmente, se concentrariam esses graduados) e mesmo com a procura induzida/rendimento-alvo também pelos “desempregados” (visto que, mesmo não estando no SNS, poderiam sempre ter um consultório privado).
    E, sem querer abusar, se tem conhecimento de países onde esse aumento de graduados/médicos tenha conduzido a diminuição de preços, e fundamentalmente, a ganhos em saúde. (ouvi algo sobre a Holanda, mas não tenho a certeza). Itália é o exemplo mais repetido do inverso. Cumprimentos

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  7. Pingback: voltando às entradas em Medicina (2) « Momentos económicos… e não só

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